sábado, 29 de outubro de 2011

"Impossível"


Por sua culpa eu descobri que nem sempre o tempo cura. Por mais que tente não pensar, eu me pego pensando.. como estou fazendo agora, aliás. Nunca vou esquecer da forma que você me olhou quando nos conhecemos, da forma que você sorriu e fez com que os meus olhos fotografassem e imortalizassem aquele momento na minha memória.
Por sua culpa eu nunca vou esquecer daquele show; de ter, de longe, te pedido uma foto com gestos, e você ter me pedido pra esperar. Eu vi todos indo embora, mas não fazia diferença...
E quando você finalmente apareceu, eu fiquei meio sem saber o que falar. Tiramos a foto, você autografou minha palheta, e eu quase morri por não conseguir dizer todas as coisas planejadas. Então você me surpreendeu, puxando assunto, perguntando da minha palheta. Quanto disse que também tocava, o assunto teve um desenrolar encantador. Dois baixistas babões! E como a gente sorria... falando de tudo, falando do mundo. Nunca gostei muito de falar, mas naquela noite tive um dos melhores diálogos da minha vida.
Quando dei por mim, tava muito tarde e você tinha que ir embora. E aquele sorriso que parecia que jamais ia sair do meu rosto, foi se transformando em um sorriso triste. Foi tão bom, tão intenso... parecia que a gente já se conhecia há anos, e muito bem. Era quase uma agressão acabar com aquele momento.
Então você disse que tinha que ir. Eu fiquei séria, tentando sorrir, tentando não estampar na minha cara a vontade que eu estava de te prender e não te deixar partir.
Você me puxou pra perto, com o sorriso com os defeitos mais lindos do mundo, me abraçou forte e disse que adorou me conhecer. O seu cheiro (uma mistura de perfume, cigarro e suor) me invadiu; era você mais perto. Eu fechei os olhos e senti você ainda mais perto e, instantaneamente, me arrepiei por completo. Foi inexplicável... suas mãos na minha cintura e eu ofegante, como se tivesse corrido uma maratona. Eu hesitei, mas tive que pedir. Minha voz falhou: " - só não me esquece."
Um segundo depois, fiquei sem saber se realmente tinha falado ou só pensado alto. Com um pouco de vergonha, mas dominada de vontade, te puxei a ponto de colar em mim. Você sorriu e, confirmando que eu realmente tinha falado, me respondeu: " - Impossível. "
Eu demorei pra acreditar, mas comecei a sorrir novamente. E a vontade de sorrir só aumentava... você tava ali, na minha frente, colado em mim, dizendo que seria impossível me esquecer. E eu ali, sem reação, tentando achar palavras pro nosso diálogo, mas com a cabeça revirada, sem foco, tão perto do seu pescoço que estava enlouquecendo. Um desejo absurdo, incalculável. Sem conseguir falar, quando você olhou pros meus olhos, eu disse tudo. Te dei um beijo no rosto, pronta pra te deixar seguir. Você retribuiu com um olhar impagável e depois me beijou. Seu gosto está na minha boca até hoje. Aliás, cada vez que lembro, é como se revivesse aquele momento. Sinto seu gosto, sua pele, seu cheiro e meu arrepio. Foi um beijo longo, caloroso, com um encaixe delicioso. Se dependesse de mim, ele jamais teria acabado. Você viu o desejo nos meus olhos e me beijou mais, e mais, e mais... e então eu acordei.

A.

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